Crise Conjugal
- Marcela Lempé
- 19 de mar.
- 2 min de leitura

Escolhi um recorte para falar sobre as relações de casal que enfrentam uma crise, que é quando na maioria das vezes um casal chega na terapia de casal.
Depositamos muitas expectativas no relacionamento conjugal e muitas vezes encontramos imperfeições, mágoas e frustrações.
Não é fácil permanecer numa relação recriando-a sempre que necessário.
Vamos mudando ao longo do tempo e nos reencontrarmos na mesma relação nem sempre é fácil. Compassos diferentes, ritmos diferentes, necessidades diferentes, projetos diferentes muitas vezes se apresentam.
Quem eu era quando nos conhecemos e quem você era não estão mais aqui. E agora, quem nos tornamos? Ainda faz sentido? Como nos reencontrarmos? O que dá para resgatar daquele início? O que não volta mais, mas dá para encontrar um novo lugar.
Geralmente na crise temos visões díspares sobre o quanto cada um está dando e o quanto está recebendo. Há um amento da lente de contato para a pior parte do outro. Há um apego maior às frustrações e ressentimentos. E no agravar da crise flertamos muitas vezes com a desesperança. Será que é possível reencontrar um caminho a dois?
É muito interessante quando conseguimos colocar o relacionamento como um espaço de
desenvolvimento, onde há permissão para errar, para apresentarmos a pior versão de nós, e para reinventar.
Sustentar o diálogo de forma não violenta, com abertura para escuta, para ver o outro de um novo lugar, é o caminho possível pra se sair da crise.
Isso significa sair de uma comunicação vaga, onde generalizamos as falas, ou utilizamos de falas muito distorcidas e estereotipadas.
É necessário suspender a voz do julgamento, do cinismo e do medo.
É necessário falar a verdade, com transparência e presença.
Se ver como parte do todo, também responsável por essa realidade atual gerada.
Ter curiosidade para se surpreender com o outro, como se estivesse escutando pela 1ª vez.
Sair daquele lugar automático como se fizéssemos um downloading do outro tendo certeza que já se sabe tudo sobre ele e o que ele irá dizer e fazer.
É necessário ter empatia e autoempatia. Estamos todos em processo. Em aprendizado. Temos nossas incoerências. Nossas incapacidades e impossibilidades. Somos sujeitos a falhas diversas vezes.
Sair do lugar de disputa. Como se um fosse vencer. Focando mais no ferir do que no coconstruir.
Precisamos nos abrir para dissolver mágoas e reestabelecer a confiança no vínculo.
E ambos se responsabilizarem afetivamente para a resolução da crise.
Mas muitas vezes também já não encontramos mais espaço para isso. Já não damos conta mais. Chegamos no nosso limite. E se esse for o caminho, que também seja possível sustentar o fim.
A terapia de casal não tem a função e o objetivo de manter o casal juntos, mas sim na saúde das partes envolvidas. E pode ser esse espaço de mediação, confiança e acolhimento para escuta e troca para que possam encontrar saídas mais saudáveis para si e para o vínculo.




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